epois de décadas de um “feliz” sedentarismo, eis que resolvo voltar à prática de alguma atividade física. Optei por um tipo de ginástica leve, exercida sempre no início das manhãs. Por óbvio, tudo com a devida, indispensável, competente e prudente orientação profissional.
Desnecessário é dizer que no primeiro dia de ginástica hesitei bastante em ir. Isto porque me sentia um traste, fisicamente falando. Ocorre que, mentalmente, já antecipava as dores decorrente do exercício físico. De cara, imaginei meu joelho reclamando de tudo. As demais juntas de meu corpo, eu tinha certeza disto, logo se uniriam a ele para, em coro, reclamarem também. Quanto à musculatura, esta nem se fala, minha imaginação à via indignada com a mudança brusca de minha rotina. Quanto às minhas costas, bem, é melhor nem comentar o que pensei delas. Enfim, pulando estas frescuras, resumo tudo dizendo que me sentia uma espécie de lixo. E do tipo não reciclável.
Contudo, forcei-me e fui à tal atividade física. O professor parecia um sujeito animado. Sim, eram sete em ponto da manhã e ele já estava bastante eufórico. Senti-me ainda mais cansado, apenas de vê-lo pular. Porém, antes de começarmos, ele fez uma rápida e adequada preleção. Entre o que foi dito, falou que seríamos acompanhados por uma trilha sonora motivacional, para nos dar alento e animação durante a atividade. E, então, os exercícios começaram e a primeira música a tocar foi… “Joga fora no lixo”.
Heim? Pensei. Eu aqui me sentindo um traste e o cara me manda essa aí? Pois é. Descobri que hoje, chamam-na de música motivacional.
Finalizando, digo que resisti bem a toda a sequência de exercícios. O difícil mesmo foi aturar a trilha sonora escolhida como “motivacional”. Agora, prefiro crer que ao longo das manhãs me submeterei a um duplo treinamento. Primeiro, meu corpo será testado pela atividade física e, enquanto isto, minha paciência será testada pelo som ambiente.
Creio que sobreviverei.